Muitos esperam uma resposta clara das suas empresas no tema plano de carreira. Quais são os caminhos disponíveis para mim? Qual o próximo passo? Quando vou ser promovido? Quando vou ganhar mais? Esses questionamentos se intensificam quando criamos estruturas autogeridas, sem chefes ou cadeias de comando. As perguntas então se tornam: Agora que não tenho um chefe, quem cuida de mim? Quem vai olhar para o meu desenvolvimento?

Já demos algumas respostas em outro post: Esperando um plano de carreira? Saiba porque ele nunca virá. Mas hoje a abordagem vai ser diferente! Vamos conversar com o Hugo Barbosa, Agile Coach na eduK, empresa que fizemos um trabalho de autogestão.

TT: Hugo, conta um pouco para a gente a sua história. O que você fazia na eduK antes da autogestão?

Hugo: Antes da autogestão aqui na eduK eu trabalhava como Analista de Testes com foco em automação. Fazia parte de um time com 2 desenvolvedores e um gerente de projetos.

TT: Quando houve a primeira mudança nas suas responsabilidades? De quem foi a iniciativa?

Hugo: Foi quando o time começou a crescer. Ao aumentarmos de 3 pessoas para 8, começamos a ter problemas relacionados ao fluxo de desenvolvimento (que não existia). Por exemplo, haviam demandas que eram grandes demais e acabavam demorando muito para entregar valor para o nosso cliente.

Na época não praticávamos nenhum tipo de metodologia ágil. Aí a nossa CTO decidiu contratar os serviços da Target Teal para que pudéssemos melhorar nossa organização em time. Depois de um Workshop de Scrum que durou cerca de 3 dias, nos reunimos para escolher quem faria o papel de Scrum Master no grupo. Nesse dia tive o meu primeiro contato com responsabilidades diferentes das que fui contratado para fazer  Embora eu estivesse com muita vontade de exercer a função, hesitei por um instante. Mas quando vi que o grupo iria me escolher, agarrei a oportunidade com os dois braços.

TT: O que mudou no seu trabalho depois que a eduK começou a praticar autogestão?

Hugo: Muitas coisas. E todas as mudanças foram para melhor Por exemplo:

Quando iniciamos a prática, o time já estava bem independente e tínhamos migrado do Scrum para o Kanban, então já não era mais preciso a presença de um Scrum Master. Sendo assim, dividimos o papel de Scrum Master em dois outros, um que pudesse focar em trazer melhorias contínuas para o nosso fluxo de trabalho e outro que se especializasse no framework de autogestão que estávamos praticando.

O que eu mais gosto na  autogestão é que depois que você entende o que é e como deve ser usada, o céu é o limite. Quem decide para onde ir e como ir é você e mais ninguém.

TT: Como foi para você ter o papel de Scrum Master alterado/removido?

Me senti bem porque o time já não necessitava de um Scrum Master. Consegui cumprir com o propósito do papel e ajudei as pessoas a se desenvolverem na metodologia. Isso alavancou ainda mais o meu crescimento dentro organização, já que eu saí da zona de conforto e pude encarar novos desafios.

TT: Nesse processo de construção do seu caminho, como você se sentiu?

Hugo: Foi e está sendo incrível! Eu não só estou construindo meu próprio “plano de carreira”, desenvolvendo minhas próprias iniciativas e projetos, como também trabalho com pessoas excepcionais que confiam uma nas outras. E o melhor: todos estão aqui em pró de um só propósito.

TT: O que você vê de próximos passos na sua jornada?

Hugo: Pretendo me especializar cada vez mais em autogestão e seus frameworks, contribuindo que cada vez mais organizações e pessoas possam se reinventar a cada dia. Sendo isso através de consultoria, coaching e o que mais puder ajudar a comunidade a evoluir.

TT: Você sente falta de alguém cuidando do seu desenvolvimento? Ou de um plano de carreira?

Hugo: Não e não. Claro que no começo é um pouco difícil de entender tudo isso e se adaptar. Às vezes precisamos de alguém que nos faça algumas perguntas para refletirmos. Sem necessariamente induzir a um caminho, mas apenas nos mostrar o outro lado e como somos capazes de traçar a nossa própria rota. Acredito que eu sou a melhor pessoa para entender o que eu preciso e como vencer os meus desafios.

Hugo, muito obrigado pelo seu tempo e dedicação nas respostas! Apreciamos muito a sua franqueza e abertura. Desejamos muito sucesso e aprendizados no seu caminho!