O livro Reinventando as Organizações, publicado em 2014, mostrou-se rapidamente um sucesso de vendas e todo um movimento se criou em torno da figura carismática do autor do livro, Frederic Laloux.
O autor fez uma compilação maravilhosa de doze organizações e uma análise de cada uma delas buscando práticas, rituais e valores que fossem compatíveis com o modelo de Laloux que consiste de três pilares: autogestão, integralidade e propósito evolutivo.
Ao apresentar de forma clara e sedutora a ideia de equipes paralelas, redes de acordos individuais e círculos aninhados eu acredito que o Laloux construiu um argumento bastante convicente para convidar as pesssoas e organizações a explorarem novos modelos focados em autogestão.
De uma certa forma, ao criticar modelos organizacionais, este livro contribui para a transformação radical das organizações ao ajudar as pessoas a tomarem consciência das contradições presentes nas organizações dos dias de hoje.
Peço a você, meu caro leitor e leitora, especialmente se você for muito fã desse trabalho, que não pense que estou simplesmente jogando o livro no lixo porque estou tecendo algumas críticas ao trabalho.
Pelo contrário, eu vejo valor neste material e é justamente por isso que me dei o trabalho de escrever uma crítica.
O novelo de lã
Laloux vai pegar emprestado um modelo que foi bastante popularizado por Ken Wilber para descrever toda a sua narrativa de “organizações do próximo estágio de consciência”.
Este modelo foi chamado pelo Wilber de Spiral Dynamics Integral (SDi) e desenvolvido inicialmente em parceria com Don Beck.
Don Beck por sua vez já havia popularizado uma outra versão do modelo com seu parceiro de pesquisa Christopher Cowan apenas como Spiral Dynamics. Cowan não curtiu muito o caminho que Beck e Wilber estavam tomando e decidiu não participar do processo. Hoje há uma grande separação entre a comunidade de praticantes que se baseia no modelo do Wilber e a comunidade que se baseia no modelo de Beck e Cowan.
Perspectivas sobre o que é possível conhecer
Antes de falar sobre as teorias desses caras, quero fazer uma pequena reflexão sobre os diferentes posicionamentos da ciência sobre o que é conhecimento e qual é a relação entre o sujeito que observa o seu meio e o objeto observado. Isto é, a relação entre pesquisador e objeto de pesquisa.
Como a proposta do Laloux é focada em uma análise fundamentada pela psicologia desenvolvimentista, quero trazer uma pequena ressalva.
Há uma grande discussão sobre a validade do método científico quando aplicado ao estudo de fenômenos psíquicos. Até hoje não existe consenso se as diversas ramificações da psicologia podem de fato ser consideradas como ciência, especialmente em função do princípio da falseabilidade proposto por Karl Popper. Um dos discursos mais famosos dentro dessa grande discussão é a proposta de Wilhelm Dilthey para que a psicologia seja entendida como uma ciência distinta das ciências naturais com seus próprios métodos. Veja aqui uma tese que fala um pouco sobre isso.
Sendo assim, com uma abordagem empírica, cada pesquisador no campo psicosocial vai estabelecer os seus métodos para interagir com os fenômenos ou vai utilizar métodos propostos por outros autores.
Ter consciência de que essa discussão existe é fundamental porque, como vou demonstrar, Laloux insiste na fundamentação científica do seu modelo que descreve como a humanidade evoluiu e se organizou ao longo do tempo.
Como fazemos sentido do mundo?
Cada pesquisador tem uma resposta diferente para esta pergunta.
Os realistas vão dizer que a realidade existe de forma independente do observador, é algo pré-concebido. O mundo está lá esperando para ser descoberto e nós podemos conhecer a realidade de forma objetiva, isto é, a subjetividade do observador não atrapalha em nada.
Os relativistas acham que a experiência existe apenas em nossas mentes, não na realidade. Qualquer explicação para a realidade é uma projeção do próprio observador.
Os idealistas evitam os extremos dos dois anteriores. Eles acreditam que a forma como experimentamos o mundo é de fato condicionada pela nossa mente, mas isso não significa que todos os nossos sentidos sejam relativos. De alguma forma os nossos sentidos devem estar conectados com a realidade, mesmo que esta esteja sujeita às categorias “a priori” das nossas mentes.
A partir do Idealismo Kantiano, os construtivistas entendem que o sujeito interage com a realidade mas não acreditam que isso aconteça de uma forma passiva. Para os construtivistas o sujeito participa ativamente na construção da realidade a partir de suas projeções e categorias do pensamento.
Naturalmente, essas não são as únicas perspectivas. Cada um desses movimentos acima se desdobram em inúmeras outras abordagens. Escolhi esses quatro movimentos filosóficos e epistemológicos porque são os ramos mais influentes que julguei como relevantes para esta discussão.
O Roy Bhaskar vai propor um realismo crítico, por exemplo. O relativismo também possui diversas variações.
Ontologia e Epistemologia
Para manter a crítica didática, talvez seja útil oferecer uma definição de dois termos que vou utilizar bastante:
- Ontologia: é o campo de estudo daquilo que é, virá a ser e que existe. É um ramo filosófico da metafísica. Perspectivas ontológicas geralmente carregam a premissa de que os nossos conceitos descrevem a realidade como ela é. Por exemplo: Pense na taxonomia botânica onde organizamos plantas em espécies, classes, famílias, etc. A taxonomia existe na natureza ou é apenas uma abstração conceitual que nos ajuda a descrever padrões a partir da linguagem? Um discurso ontológico radical diria que a taxonomia de fato existe na natureza e a descreve exatamente como ela é (realismo ingênuo). Um discurso menos fervoroso diria que talvez não seja exatamente assim, mas é algo muito próximo disso (realismo moderado) e talvez seja possível construir um modelo muito próximo disso. Um discurso leve seria o de que a taxonomia existe na natureza, mas nunca vamos construir um modelo perfeito (realismo crítico).
- Epistemologia: é o estudo do que é possível conhecer e do próprio conhecimento. Considerando o exemplo acima, a taxonomia seria um recurso epistemológico que nos ajuda a compreender os padrões da natureza, sabendo que o modelo é apenas uma abstração conceitual e não a realidade como ela é. Ou seja, a taxonomia não existe na natureza, é apenas um construto intelectual.
O enigma
Ao meu ver, há uma incógnita em relação a todo o movimento da Spiral Dynamics. Os autores não deixam claro qual é a inclinação epistemológica deles e cabe ao leitor interpretar como quiser. Eu inclusive já perguntei nos grupos das redes sociais e parece ser um mistério.
Me deu bastante trabalho para entender, mas parece que o Ken Wilber tem sua própria epistemologia que ele chama de pós-metafísica integral.
Este artigo (em inglês) tenta mostrar as inconsistências dessa proposta. Pasme, o autor do artigo é wilberiano.
Não está claro se o Wilber é um realista ou se ele é relativista. O autor do artigo acima parece estar confuso com isso também. Wilber parece se posicionar como um relativista absoluto, mas todo o discurso dele parece ser altamente metafísico, isto é, realista. Não sei. Talvez algum leitor possa me elucidar sobre isso.
Quanto ao Laloux, vejo muitos indícios de uma confiança na perspectiva objetiva da psicologia desenvolvimentista para descrever todo o processo de evolução da humanidade e das organizações. Essa confiança me transmite um posicionamento ontológico, isto é, me parece que ele acha que o modelo realmente descreve a realidade como ela é. Vou partilhar alguns trechos no decorrer deste artigo que me parecem ser evidências disso. No entanto, confesso que também não sei. Só ele poderia dizer.
Atenção: Também tenho meus próprios viéses
Antes de continuar quero lembrar os leitores das minhas próprias limitações e preferências.
Em vários momentos vou criticar o posicionamento de Laloux como sendo de um realismo ingênuo, que acredita ser possível compreender fenômenos sociais de forma objetiva e estabelecer leis atemporais para os estágios de evolução da consciência de toda a humanidade.
Essa crítica é completamente enviesada pela minha própria visão de mundo, minhas referências e não representa nem de longe a verdade absoluta ou última palavra sobre o assunto.
Pelo contrário, eu espero que essa crítica estimule reflexões frutíferas sobre tudo o que está sendo discutido aqui.
Spiral Dynamics
É importante ressaltar que todo esse trabalho da Spiral Dynamics foi desenvolvido com base na teoria da emergência cíclica de Clare W. Graves. Graves desenvolveu sua teoria com base em diversos experimentos empíricos entre os anos 60 e 70.
Graves estava se aventurando no campo da psicologia desenvolvimentista, isto é, estava buscando compreender como o ser humano se desenvolve e alcança a maturidade dentro da sociedade. Don Beck se aproximou de Graves com um profundo interesse na sua pesquisa e, mais tarde, o Cowan também entrou no barco.
O trabalho de Graves foi então a grande inspiração de Cowan e Beck para desenvolver a Spiral Dynamics. É importante notar três coisas aqui:
- A pesquisa do Graves recebeu uma série de críticas que nunca foram esclarecidas pelos pesquisadores.
- Spiral Dynamics (SD) como proposto por Cowan e Beck não é exatamente a mesma coisa que foi proposta por Graves. Eles adicionaram uma outra camada baseada na memética, uma linha de pesquisa inspirada no conceito de “meme” proposto por Richard Dawkings no seu livro “O Gene Egoísta”. Cá entre nós, a memética é nada mais que um determinismo biológico aplicado a sistemas sociais. E o conceito de meme é apenas uma distorção da ideia de signo da semiótica.
- SD também possui diversas críticas somadas às críticas que já existiam sobre o modelo de Graves.
Graves chamava os “estágios de consciência” do Laloux de “Waves of Existence”, que em português seria algo como “ondas da existência”.
Cowan e Beck chamam esses “estágios” de vMEMEs. Um vMEME é, ao mesmo tempo, uma estrutura psicológica, um sistema de valores e um modo de adaptação que pode se expressar de várias maneiras diferentes, de visões de mundo a estilos de roupas e formas governamentais (uma definição bem melhor que estágios de consciência, que ainda parece propor uma ontologia).
Patrick Vermeren, um consultor Belga e co-fundador do Evidence Based HRM, defende que o artigo de Graves de 1970 (sobre os “Levels of Existence“) é o único artigo que pode ser encontrado na base de dados da American Psychological Association sobre esse corpo de conhecimento, sem referências de outros pesquisadores. Portanto, ninguém assumiu a tarefa de testar ou validar essas ideias. Ou, pelo menos, ninguém teve o rigor de escrever sobre isso no meio acadêmico. “As ideias de Graves e Wilber não foram adotadas por biólogos ou psicólogos sérios.” – diz ele.
Pessoalmente, não acho que só o conhecimento científico seja válido, respeito o conhecimento ancestral e outras formas de saberes, mas quando se trata de questões socioculturais tendo a me embasar em pesquisas acadêmicas.
Ken Wilber
Por fim temos o trabalho de Ken Wilber que, aparentemente, possui pouco suporte de outros acadêmicos.
Ele é um autor, às vezes chamado de filósofo, que parece ter uma inclinação pela psicologia transpessoal, embora mesmo dentro deste campo ele também não se dá muito bem com a galera.
Os estudos dele envolvem muitas áreas de pesquisa diferentes. Ele escreve sobre questões sociais, sexualidade, história, antropologia, mitologia, misticismo, espiritualidade e mais uma infinidade de temas.
Talvez uma forma de descrevê-lo seria como um autor transdisciplinar que propõe um meta-modelo que explica toda a natureza do ser humano, do desenvolvimento da sociedade, das relações, das organizações, da economia, das guerras, enfim, tudo.
De fato, ele tem literalmente uma “teoria de tudo”, que por si só já diz muito sobre as suas pretensões megalomaníacas em tentar decifrar a natureza do universo.
Diria que ele é basicamente um produtor de material intelectual para pessoas como eu, que são cheias de privilégios e podem ficar em uma eterna masturbação intelectual, lendo milhares de páginas, achando que descobriram o segredo do universo.
Para fazer essa crítica, tive que ler alguns livros do Wilber. Entre eles estão “A Theory of Everything”, “Integral Life Practice”, “Integral Theory” e “A Brief History of Everything”. Ele publicou mais de 40 livros, então certamente não posso dizer que tenho uma visão completa do trabalho dele. Estou aberto para uma conversa com pessoas que possuem uma bagagem maior caso alguém se interesse.
Seu modelo AQAL é sedutor, a narrativa dele é descolada e ao mesmo tempo carregada de neologismos que fazem com que eu me sinta mais inteligente e ele realmente parece ter investido muito tempo estudando muita coisa.
Se você quiser compreender melhor todo o universo wilberiano visite o site https://integralworld.net/ (em inglês) e divirta-se com a infinidade de conteúdos. Este site é mantido por Frank Visser, um psicólogo integralista, que faz grandes esforços para elaborar críticas e integrar diferentes perspectivas.
Neste artigo, Visser vai falar em grande detalhe sobre a relação problemática de Wilber com a ciência e como ele possui uma visão distorcida da teoria da evolução. Note que a teoria da evolução é um ponto central de toda a narrativa do Wilber.
Todos esses pontos que estou levantando aqui são relevantes para embasar a minha crítica ao livro Reinventando Organizações que é fortemente inspirado nas ideias deste autor.
Com isso, não tenho a menor intenção de condenar o trabalho de pessoas que divulgam a teoria integral e suas inúmeras práticas. Creio que qualquer pesquisador sério tem ciência das controvérsias do Wilber. Não é nenhuma novidade. Frank Wisser é um desses pesquisadores sérios que possui inúmeras críticas ao fundador do movimento.
Sobre os estágios de consciência
Voltando para o livro do Laloux, vou começar a minha crítica sobre a sua proposta de estágios de consciência.
Laloux apresenta um elegante modelo que descreve como a humanidade foi se desenvolvendo nos últimos 100.000 anos até hoje.
Ele faz uma análise que busca compreender como as pessoas começaram a colaborar e a se organizar e, com a ajuda do modelo SDi de Wilber, começa a categorizar as características desses vários tipos de organização no que ele chama de “estágios de evolução da consciência”.
O engraçado é que o Laloux não cita nenhum historiador ou antropólogo em momento algum, nem mesmo na sua bibliografia no fim do livro.
A aparente certeza ontológica de Laloux
Todas as fontes citadas estão relacionadas apenas com a psicologia desenvolvimentista. Não há uma menção sequer sobre qualquer autor(a) da antropologia ou sociologia. Segue um trecho do livro:
“Tais questões foram investigadas de todos os ângulos possíveis. Abraham Maslow notoriamente investigou como as necessidades humanas evoluem ao longo da jornada humana, das necessidades fisiológicas mais básicas até necessidades de autorrealização. Outros pesquisaram o desenvolvimento através das lentes das cosmovisões (Gebser, entre outros), capacidades cognitivas (Piaget), valores (Graves), desenvolvimento moral (Kohlberg, Gilligan), identidade pessoal (Loevinger), espiritualidade (Fowler), liderança (Cook-Greuter, Kegan, Torbert), e por aí vai.” (pg 11)
E o pior, ele pega o trabalho desses pesquisadores majoritariamente desenvolvimentistas, focados nos indivíduos, e extrapola isso para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Ou seja, ele está fazendo uma indução de que se o ser humano se desenvolve em estágios, então toda a sociedade também se desenvolve da mesma forma.
Tudo indica que o Laloux realmente acredita que este modelo descreve a realidade de uma forma acurada, isto é, ele utiliza o modelo como uma perspectiva ontológica e não epistemológica. Este trecho parece confirmar isso:
“Em suas investigações, eles (os pesquisadores) encontraram consistentemente a ideia de que a humanidade evoluiu em etapas. Nós não somos como árvores que crescem continuamente. Nós evoluímos a partir de transformações ocasionais, como uma lagarta que se torna uma borboleta ou um girino que se torna um sapo. Nosso conhecimento sobre os estágios do desenvolvimento humano é agora extremamente robusto. Dois pensadores em particular – Ken Wilber e Jenny Wade – fizeram um trabalho extraordinário em comparar e contrastar todos os principais modelos, e descobriram uma forte convergência.” (pg 12)
E ainda:
” acadêmicos como Jane Loevinger, Susanne Cook-Greuter, Bill Torbert e Robert Kegan testaram essa teoria dos estágios com milhares e milhares de pessoas em diferentes culturas, incluindo contextos corporativos e organizacionais, entre outros.” (pg 12)
Ou seja, ele realmente quer deixar claro que a proposta dele tem embasamento científico, e que, portanto, é real, gente!
Ele só usa fontes de autores que, embora tenham feito pesquisas empíricas com indivíduos e organizações, nunca afirmaram nada do que ele está falando sobre o desenvolvimento da sociedade como um todo.
A Linearidade do processo evolutivo
O modelo Laloux-Wilber também é extremamente linear no que diz respeito à evolução dos processos de organização da humanidade.
Ele mesmo diz que:
” para cada novo estágio de consciência humana que surge também nasce uma nova habilidade de colaborar, trazendo com isso um novo modelo organizacional.”
O problema com isso é que ele parece ignorar uma série de estudos antropológicos que trazem nova luz ao comportamento das tribos de caçadores e coletores, a complexidade dessas sociedades antigas e muitas outras nuances.
De fato, Laloux parece estar perfeitamente alinhado com uma perspectiva antropológica branca, eurocentrista que julga os povos ancestrais como “primitivos” que não conseguem lidar com questões “mais complexas”.
A linha do tempo proposta por Laloux não existe em nenhum outro lugar além do trabalho do Wilber. Ninguém mais propõe algo nem sequer parecido.
Existem, no entanto, perspectivas diferentes. Bem diferentes.
Por exemplo, o antropólogo Hugh Brody argumentou de forma persuasiva que os povos que classificamos como “caçadores-coletores” (em si um termo questionável) tendem a se organizar de uma maneira que ele caracteriza como “individualismo igualitário”.
Veja um trecho do livro dele:
Outra característica do modo de vida caçador-coletor é um profundo respeito pelas decisões individuais. Existem especialistas em vez de líderes, homens ou mulheres cujas habilidades são reverenciadas; mas as decisões sobre seguir sua liderança ou seguir seus conselhos são questões de escolha individual. Um líder de caça não instrui os outros a seguir ou tomar qualquer direção em particular. O perito dá a conhecer a sua decisão; outros então tomam suas decisões, seguindo ou não como cada um prefere. As normas sociais e éticas são poderosas, mas são reforçadas por um mínimo de instrução ou retribuição organizada.
Caramba! Isso é bem parecido com algumas premissas do que eu entendo por autogestão. E o Laloux tá dizendo que isso é algo que só vai se manifestar 10 mil anos depois SE conseguirmos seguir para o “próximo estágio evolutivo Teal”. Claro que também é só uma conjectura do autor, uma vez que é impossível saber como de fato as relações desses povos se dava porque eles não deixaram relatos escritos.
O livro “People without government”, do antropólogo Harold Barclay, possui exemplos de colaboração entre caçadores-coletores que vão muito além de meros bandos dispersos.
Esta tese demonstra a complexidade das interações entre caçadores-coletores sob a luz da ciência das redes.
O jornalista científico Matt Ridley também parece corroborar a ideia de que a complexidade da colaboração entre humanos vai muito além do discurso dominante imperialista. Veja isso com mais detalhes em um dos livros dele.
O antropólogo Christopher Boehm também parece corroborar a hipótese de que os caçadores coletores se organizavam de forma bastante igualitária. Ele suspeita que esses povos já se organizavam assim há 45 mil anos atrás. 😮
A confusão com o darwinismo
Laloux insiste na ideia de um propósito evolutivo e confere uma noção teleológica às organizações.
Ele utiliza o termo “evolutivo” em vários momentos e fala de uma proposta evolucionária, do caminho evolutivo da humanidade em direção ao