Eu tenho certeza que você já fez isso. Eu fiz. Confesso. Várias delas. Elas são tidas como as “melhores práticas” que todo o gestor e organização deveriam seguir.
Mas por trás delas existe uma intenção oculta. Ou às vezes uma sombra que é um motivo até então desconhecido ou um efeito colateral não planejado. Por isso criamos um:
Dicionário das Práticas de Gestão e suas Verdades Ocultas
Nós queremos “jogar a luz” e aumentar a consciência em torno dessas escolhas. Nossa ideia não é destruí-las, julgar quem acredita nisso, muito menos afirmar que temos uma “alternativa melhor” para cada uma delas. Apenas leia e reflita!
Ah, talvez você também consiga rir e isso seria ótimo! (Medo de quem se leva a sério demais :) )
Prática | O que dizem ser | O que realmente é |
---|---|---|
Maturidade Profissional | É quando as pessoas demonstram estarem preparadas e dispostas – através de seus conhecimentos, habilidades e atitudes – a desafios mais complexos. | É quando alguém se adequa às expectativas dos outros, sabe quais sapos engolir e entende como impressionar as pessoas certas para ser promovido (o famoso “entregou mais do que era esperado”). Provocação: questione o conceito de maturidade. |
Cultura Organizacional | Os valores de uma organização que são vividos por seus colaboradores diariamente. | É aquele banner pendurado na parede que os gestores usam para cobrar a galera, apesar de não ter muita certeza se acreditam completamente no que estão lendo. Provocação: comece a praticar a cultura. |
Bônus de Retenção | Uma contrapartida financeira geralmente dada a um executivo ou especialista para que ele permaneça na organização por no mínimo 1 ano devido ao seu papel chave. Caso contrário, deve devolver o dinheiro. | É a crença de que é possível comprar tudo, inclusive a vontade das pessoas. Assim como de que é algo sustentável e bacana para ambos os lados (pagar para que alguém que não te quer mais, te queira só mais um pouquinho). Tem vários nomes por aí. “Algemas de ouro” é o mais generoso de todos. Provocação: às vezes experiências valem mais. |
Plano de carreira | Detalha as oportunidades de crescimento e avanço na carreira dos funcionários. Dão mais clareza sobre os diversos caminhos possíveis. | As pessoas delegando o próprio futuro para os seus chefes. Representa a incapacidade delas entenderem o que de fato querem e de que são donas disso. Provocação: esqueça o plano de carreira. |
Tome as decisões (o chefe desempata) | Permite maior agilidade e evita discussões desnecessárias. | Um jeito quase adulto de pedir ao papai que diga quem é que pode sentar no banco da frente do carro. Provocação: elime as decisões por consenso. |
Feedback sanduíche | É um “presente que se dá” pra alguém que talvez não goste de recebê-lo. É mais ou menos assim: Ponto positivo (pão), seguido de ponto negativo (2 hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles), ponto positivo (no pão com gergelim). | É só uma forma de proteger a si mesmo de falar o que é difícil. Depreciação do valor das conversas transparentes e diretas. Provocação: feedback pode ser feito diferente. |
Padronização, políticas e dress code | Aumenta a qualidade dos produtos e serviços prestados. Cria uma imagem profissional que reforça a marca da organização. | Intolerância à diversidade. Medo de revelar o seu “eu completo”. Ambiente hostil que não permite que as pessoas se mostrem como realmente são. Provocação: vale a pena se expor? |
Cadeia de comando | Você reporta somente ao seu superior. Evita confusões. “Cachorro de dois donos morre de fome”. | Crença de que as pessoas não são capazes de gerir o seu próprio trabalho. Sempre precisam de um chefe que diga o deve ser feito. Uma projeção da figura paterna. Talvez parte do complexo de Édipo (Freud). Provocação: tem várias empresas que já livraram dos chefes. |
Alinhamento | Ações e reuniões para compartilhar o porquê algo deve ser feito e como deve ser feito. Usado para gerar compromisso entre as partes. | Um jeito charmoso de suprimir opiniões diferentes e não ter surpresas na hora H. “Demoniza” a existência do conflito, que é muito importante que exista e seja naturalmente trabalhado. Provocação: Vamos alinhar aqui? Não. |
Reconhecimento | Formas financeiras e não financeiras de apreciar as pessoas em relação à sua dedicação e entregas. | Aumentos salariais homeopáticos que são eufóricos nos 3 primeiros meses, mas depois viram uma bela desculpa para que nada além do seu salário mude, afinal, “você já foi reconhecido!” Provocação: Novos tipos de remuneração. |
Metas | São objetivos com prazos e responsáveis determinados. Dão direção e permitem mensurar o atingimento de algo planejado. | Uma tentativa de controlar o futuro. Pensamento simplista em achar que planos são infalíveis. Provocação: definir metas pode acabar com sua empresa. |
Visão e Missão | Ser a maior e melhor… | Encher os bolsos dos donos (e sem muita criatividade,cá entre nós). Provocação: Jogue fora a visão e missão e crie um propósito. |
Incentivos, comissões e bônus por performance | Incentivam o funcionário a dar o seu melhor. Aumentam a performance. | Uma cenourinha para se correr atrás. Uma forma da empresa economizar grana, tempo e energia transferindo o risco para o funcionário. Descrença nas descobertas já nem tão recentes de que grana é tipo “fila de caixa”, não motiva ninguém a ir na loja, mas pode virar uma experiência terrível se deixar o problema crescer. Provocação: a verdade sobre o que nos motiva. |
Avaliação de performance | Forma de incentivar a evolução profissional do funcionário. | O gestor se escondendo atrás de um número e evitando uma conversa cara a cara com os seus subordinados. Um jeito tosco de tratar suas opiniões sobre quem deve ser promovido e quem deve ser mandado embora. |
Comunicação com outras áreas centralizada no gestor | É uma ajuda para manter o time focado, alinhado e filtrar mensagens que não fazem sentido. | É falta de confiança que as pessoas sabem falar com suas próprias bocas e que isso pode fazer ainda mais sentido do que aquilo que o gestor diz. Provocação: talvez seja um efeito do design organizacional. |
Políticas | As regras do jogo. | As regras do jogo que precisam existir porque apenas princípios não são suficientes para bárbaros. Provocação: A arte de fazer acordos. |
Reunião de Resultado | Acompanhamento dos principais indicadores de resultado do trabalho realizado. | Bullying corporativo. Às vezes também é só um jeito de expor as pessoas publicamente, criando uma pressão social para que elas sintam-se constrangidas em não entregar o que supostamente deveriam. Provocação: cuidado para não se colocar como vítima. |
Tarefas pré-determinadas | Evitam os desentendimentos e documentam claramente o que precisa ser feito. | Representam uma descrença na capacidade das pessoas de identificarem o próximo passo. Provocação: o fim do planejamento estratégico. |
Orçamentos com aprovação | Permite o controle do que está sendo gasto e evita desvios do planejado. | Crença de que as pessoas são desonestas ou não fazem a mínima idéia do que estão fazendo. Provocação: Beyond Budgeting. |
Prazos | Um compromisso importante demais entre quem faz uma tarefa e quem a solicitou. | A descrença de quem contrata uma tarefa no comprometimento de quem a executa e, portanto, coloca um prazo na esperança de gerar um senso de urgência. Provocação: faça como o Waze, não dê prazos. |
Treinamento | Capacitação de diversos formatos e duração que promovem o aprendizado. | Costuma ser uma aula teórica para adultos que, na verdade, aprendem fazendo. |
Responsável | Aquele que tem uma responsabilidade por fazer algo. | O culpado quando dá errado. Provocação: Errar é humano. |
Valores | O que valorizamos coletivamente dentro da organização. | A vontade de quem acha que manda. |
Ownership | Senso de propriedade pelo que você está fazendo. Dor de dono. Responsabilidade. | Só uma mentirinha “inocente” embrulhada com um nome gringo bacana pra te motivar já que você não é dono e sim um empregado assalariado. |
Gostou de nosso dicionário de “melhores práticas”? Tem interesse em saber como a Target Teal pode ajudar sua organização a construir novas formas de trabalhar? Entre em contato e vamos tomar um café.
Obs: Esse post foi autoria da colaboração de vários indivíduos. Obrigado, Luther Blissett!