Por que isso importa?

O ano é 2022. Temos um país que adotou um criptoativo como moeda legal e planeja construir a primeira “cidade bitcoin” do mundo. Hoje o mercado de criptoativos movimenta mais de um trilhão de dólares. Gigantes da indústria como Facebook, Microsoft e Nike apostam no tal do metaverso e pretendem integrar os seus serviços com o universo dos criptoativos.

Em 2007, quando tivemos uma das maiores crises financeiras da história, um projeto conhecido como bitcoin dava os seus primeiros passos. Em janeiro de 2009 a versão 0.1 do Bitcoin foi lançada e a primeira transação da história foi feita entre Satoshi Nakamoto e Hal Finney.

Em 2010, o mercado para este criptoativo já estava estabelecido e já era possível comprar e vender bitcoins.

Tudo começou como uma ousada empreitada que prometia revolucionar o sistema financeiro ao descentralizar o controle de ativos da receita federal e dos bancos.

Apenas alguns poucos nerds acreditavam na ideia. A maior parte das pessoas e instituições olhavam com desconfiança e caçoavam daqueles que acreditavam na possibilidade de um dia o mundo passar a utilizar criptoativos de forma legal e integrada ao sistema financeiro vigente.

Desde 2010, o Bitcoin já foi considerado uma tecnologia morta 414 vezes… e, pelo visto, está mais vivo do que nunca.

Hoje existem inúmeros projetos de criptomoedas pensados para as mais diversas funcionalidades.

Mas, ao escrever este artigo, eu não estou nem um pouco preocupado com o valor de mercado do bitcoin ou qualquer outra criptomoeda.

Eu quero falar com vocês, caros leitores e leitoras, sobre um outro aspecto do mundo crypto que vai muito além da especulação financeira em torno dessas moedas digitais.

O tema deste artigo fala sobre as DAOs, um acrônimo que vai estar cada vez mais presente nos anos que estão por vir. O termo é uma abreviação de Decentralized Autonomous Organizations, que em português quer dizer Organizações Autônomas Descentralizadas.

Como aqui no nosso blog nós falamos sobre as várias nuances do Design Organizacional com foco em Autogestão, já está mais do que na hora de abordar este tema com profundidade.

Nos últimos 2 anos eu estive navegando o mundo das DAOs e estou pronto para partilhar com vocês as minhas descobertas.

Mas a pergunta que não quer calar é… Por que isso importa, afinal?

Se você tem interesse nas tendências do mundo organizacional, inovação tecnológica e em formas de trabalho que vão além dos sistemas tradicionais que remontam ao fordismo e taylorismo, este é um assunto imprescíndivel.

Se você tem interesse em distribuir recursos de forma descentralizada entre pessoas que participam de uma determinada organização, este é um assunto imprescindível.

Se você tem interesse em participar, desenhar ou estimular o desenvolvimento de organizações globais autogeridas, este é um assunto imprescindível.

Se você tem interesse em formas de lidar com o desafio de coordenar esforços entre milhares de pessoas com um objetivo comum, este é um assunto imprescindível.

E digo mais… É só uma questão de tempo até grandes organizações perceberem o potencial dessas tecnologias e começarem a apostar tudo nessas tendências.

Então, pegue a sua pipoca, bote o capacete, aperte o cinto de segurança e se prepare… A viagem vai ser longa e cheia de novidades.

Eu preparei este artigo para pessoas que não possuem nenhum conhecimento do mundo crypto pegarem referências básicas para se aprofundar e começar a se aventurar no mundo das DAOs.

Também escrevi este artigo pensando em uma perspectiva do design organizacional sobre este universo das DAOs.

Para começar a viagem nós vamos precisar de alguns conceitos básicos e eu, provavelmente, irei lançar diferentes artigos para complementar este guia.

Conceitos Básicos

Como muito já foi escrito sobre esses conceitos e eu tenho muita coisa para explorar neste artigo eu vou fazer uma pequena curadoria de conteúdos para que você se equipe dos conceitos básicos antes de seguir a jornada.

Nós precisamos compreender minimamente quatro ideias básicas para seguir: Blockchain, Contratos Inteligentes, Tokens e Web3.0.

Então, simbora!

Blockchain

De forma resumida, blockchain é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet. São pedaços de código gerados online que carregam informações conectadas – como blocos de dados que formam uma corrente – daí o nome.

Surpreendentemente, uma das definições mais claras e simples sobre o que é o blockchain que eu encontrei estava no site do nubank.

Leia aqui o artigo para compreender o básico.

Um artigo um pouquinho mais técnico pode ser encontrado aqui no site do MercadoBitcoin.

Até o Átila Iamarino já fez um vídeo sobre Bitcoin e Blockchain. Se você gosta da didática dele como eu assista aqui.

Se você fala inglês e quer uma demo completa e visual de como esse tal de blockchain funciona eu recomendo assistir esse material do Anders Brownworth.

Contratos Inteligentes (Smart Contracts)

Os contratos inteligentes, ou smart contracts, são como uma etapa a mais do blockchain, como uma consequência direta dessa descentralização das transações. O termo refere-se a um conjunto de códigos computacionais imutáveis, que, quando satisfeitas condições predeterminadas, tornam-se autoexecutáveis. Ele pode estabelecer normas e consequências para as partes acordadas, sem que haja um intermediador nas transações, como um banco, um marketplace etc.

Na prática, os smart contracts funcionam como um contrato normal, ou seja, possuem normas, regulamentos, prazos e penalidades caso os termos acordados não sejam cumpridos por uma das partes.

A diferença é que eles são digitais, imutáveis e existe um código computacional por trás.

Este excerto foi retirado do site Ibid, leia o artigo na íntegra aqui.

Assista também este vídeo do canal DeFi Nerds para compreender melhor.

Este vídeo do canal Cripto Nita também está bem didático.

Tokens

‘Token’ é outra palavra para moeda digital ou criptomoeda. São ativos fungíveis (intercambiáveis) que podem ser usados como dinheiro ou em troca de serviços específicos na internet. Em vez de rodar em infraestrutura bancária como USD ou EUR, os tokens vivem na infraestrutura da Internet chamada Distributed Ledgers ou Blockchains. Nas DAOs os tokens também podem atuar como “voz” para um indivíduo participar de decisões na governança da organização.

Web 3.0

É preciso entender a web como um fenômeno que está em desenvolvimento desde sua criação, oficializada em 1991. De lá para cá, ela funciona como uma espécie de experimento que, ao mesmo tempo em que é influenciada pelo comportamento da sociedade, dita tendências em escala global.

É possível, então, separar a internet em eras, caracterizadas pelas condições tecnológicas da sociedade e pelo comportamento de seus usuários.

Este trecho foi retirado do site Rock Content. Veja o artigo completo aqui.

A wikipedia é sempre uma ótima pedida para qualquer tema. Leia o artigo da wikipedia aqui.

Na Web3.0 os usuários se conectam aos serviços digitais a partir das suas carteiras digitais, criando assim um vínculo único com cada serviço consumido.

DAOs: O que são, o que comem e onde vivem

Ok, agora que cobrimos os conceitos básicos podemos seguir a viagem.

As DAOs surgem a partir da imaginação de como recursos tecnológicos descentralizados, como ativos digitais globais, resistência à censura e ações automatizadas por inteligência artificial mudarão a forma como as organizações operam.

Um breve histórico das DAOs

Inicialmente chamada de corporações autônomas descentralizadas (DACs), o termo mais generalizável DAO surgiu da comunidade blockchain Ethereum.

Com base no artigo de Vitalik Buterin DAOs, DACs, DAs e mais: um guia de terminologia incompleto de 2014, uma DAO poderia ser descrita como uma organização capitalizada na qual um protocolo de software informa sua operação, colocando a automação em seu centro e os humanos em suas bordas.

Por exemplo, um protocolo escrito em linhas de código pode especificar as condições sob as quais uma organização automaticamente aloca recursos para seus membros. Isso levou à ideia de que os valores organizacionais podem ser automatizados e executados por código, uma ideia persistente que talvez sugira de forma falaciosa que o conhecimento tácito pode ser totalmente expresso em linhas de código.

A Primeira DAO

A primeira DAO, chamado The DAO, tornou-se um dos maiores espetáculos da comunidade blockchain Ethereum até hoje, quando em 2016 arrecadou mais de US$ 150 milhões equivalentes em ETH como um fundo de risco descentralizado. No entanto, o experimento teve vida curta: o The DAO foi hackeado um mês após seu lançamento.

Iniciativas maiores relacionadas a DAOs não ganhariam força novamente por vários anos. Cada corrida especulativa no mercado cria novos sinais de DAOs, trazendo refinamento descritivo, técnico e cultural ao conceito.

Alertas sobre confusões terminológicas

Quando falamos de organizações autônomas descentralizadas é fácil se perder nas inúmeras definições e termos. Algumas pessoas argumentam que qualquer grupo de pessoas que utiliza alguma forma de distribuição de fundos poderia ser chamada de DAO. Os exemplos aqui citados estarão restritos a DAOs que funcionam em alguma forma de blockchain, na maioria das vezes operam no Ethereum ou em algum protocolo de camada. Mais tarde, nesse mesmo artigo, eu vou trazer algumas provocações sobre definições mais amplas de DAOs.

Algumas definições possíveis de DAOs

Dada a natureza descentralizada das comunidades em torno das DAOs, não é possível dizer que existe uma única definição sobre o que é uma DAO. Tenha em mente que tudo o que apresento aqui são definições possíveis que podem se tornar obsoletas antes de você terminar de ler este artigo.

Definições possíveis de DAO:

  • “Comunidades da internet que permitem aos membros coordenar fundos e recursos” (DAOhaus)
  • “Entidades nativas da internet sem gerenciamento central que são reguladas por um conjunto de regras automaticamente executáveis em uma blockchain pública e cujo objetivo é ganhar vida própria e incentivar as pessoas a alcançarem um propósito comum” (Aragon)
  • “Uma DAO é uma comunidade online que controla conjuntamente uma carteira de criptomoedas para alcançar um propósito comum, como administrar um negócio ou caridade.” (Aragon)
  • “Uma DAO é um compromisso de compartilhar valor com uma comunidade. Um grupo no Telegram com 10 membros e 1 ETH é uma DAO. Um protocolo DeFi com mais de US$ 1 bilhão em ativos governados on-chain por mais de 10.000 detentores de token é uma DAO. Independentemente do tamanho, as DAOs procuram resolver missões principais – transformando um bate-papo em grupo em uma comunidade orientada para o sucesso.” (Coopahtroopa)
  • “Um bate-papo em grupo com uma conta bancária” (Ameen Soleimani)
  • “Uma DAO é uma organização que atende aos seguintes critérios:
    1. Todos os membros têm pelo menos algum controle direto sobre os ativos e ações da organização, e
    2. Ninguém além dos membros pode desligá-lo” (@spengraph)
  • “Uma cooperativa multissetorial baseada em blockchain” (@daoist321)

Em 2022, uma DAO poderia ser descrita como uma associação voluntária com os princípios operacionais de alguma forma de cooperativismo digital. Como associações voluntárias, elas são uma maneira para estranhos, amigos ou aliados improváveis se unirem sob um pseudônimo em direção a objetivos comuns, apoiados por um modelo simbólico de incentivos e governança. Os membros de uma DAO podem ter propriedade representativa de seus ativos digitais por meio de um token, que muitas vezes atua simultaneamente como um direito de governança, isto é, podem ter voz em aspectos organizacionais a partir desses tokens.

Em sua forma mais simples, as DAOs têm sido descritas como um bate-papo em grupo e uma conta bancária. Isso geralmente assume a forma de um servidor Discord e um Gnosis Safe Multisig, que é uma plataforma web3 para criar contas que permitem vários membros terem acesso a um fundo distribuído. Contas multi-assinaturas permitem que grupos possam reunir e gerenciar fundos em poucos minutos, uma capacidade muito além de uma conta bancária conjunta tradicional. Este ferramental “mínimo viável” começou a brilhar no primeiro semestre de 2021 com iniciativas como PleasrDAO.

Características básicas das DAOs

Uma DAO é basicamente uma cooperativa digital que permite gerir fundos e tomar decisões de forma distribuída.

Mas diferente de cooperativas tradicionais as DAOs possuem algumas características únicas como:

  • Custos mínimos para serem iniciadas e mantidas.
  • Custos mínimos para a entrada/saída de participantes
  • Transparência absoluta sobre todas as transações
  • Resistência à censura (Leia mais aqui)
  • Global e sem fronteiras por padrão
  • Custos mínimos para interação com outras DAOs
  • Independência de um banco para gerir recursos

DAOs oferecem formas de:

  • Atrair e incentivar colaboradores: DAOs incentivam os colaboradores dando-lhes espaço para expressar suas opiniões sobre o futuro da organização.
  • Alocar fundos: DAOs usam criptomoedas, permitindo que pessoas de todo o mundo possam construir uma pilha de recursos.
  • Governar esses fundos juntos: DAOs permitem que as pessoas canalizem fundos comuns de forma colaborativa para objetivos comuns.
  • Tesouraria Compartilhada: os fundos comunitários são mantidos pela próprio DAO e distribuídos por meio de Propostas, sem intermediários entre os participantes e os fundos.
  • Votação e Propostas: As propostas podem ser usadas para todos os tipos de decisões, como distribuição de fundos, alocação de ações e até mesmo interação com outros aplicativos e comunidades.
  • Filiação Fluida: Membros são adicionados e removidos através de propostas e podem sair a qualquer momento.

Uma das características mais marcantes das DAOs é a forma como novos membros podem se filiar à organização. Não é uma regra, mas geralmente as DAOs são abertas para que qualquer pessoa possa entrar nos seus grupos de discussão e pedir para fazer parte da organização.

Em muitos casos é possível comprar o token de uma determinada DAO e participar das decisões de governança da organização.

Nenhuma dessas características são obrigatórias para chamar uma DAO de DAO. O conceito ainda é bem escorregadio e permite várias interpretações.

Exemplos de DAOs no mundo

Ninguém sabe ao certo quantas DAOs existem hoje. Com soluções que não exigem conhecimento de programação qualquer pessoa pode criar uma DAO em cinco minutos. Vamos falar sobre isso mais adiante neste artigo. Sites como DeepDAO e DAOList estão criando mecanismos para mapear e rankear DAOs.

Coopahtroopa, um autor que escreve sobre DAOs, fez um grande esforço ao tentar agrupar os vários tipos de DAOs em categorias.

Segue abaixo uma imagem que sumariza alguns tipos de DAOs.

Vamos dar uma olhada nos vários tipos de DAOs identificadas por ele.

DAOs que oferecem sistemas operacionais para outras DAOs

Esses projetos oferecem diferentes modelos, estruturas e ferramentas para as comunidades reunirem recursos e iniciarem sua primeira DAO.

Eles geralmente oferecem contratos e interfaces inteligentes para facilitar ações na cadeia para comunidades descentralizadas.

Os maiores exemplos atuais são:

E um exemplo que o Coopahtroopa não citou, mas que me chama bastante atenção, é a Hypha DHO. Eles ainda estão em desenvolvimento mas prometem oferecer uma solução no-code para criar DAOs também.

Cada uma dessas opções é um universo e possui a sua própria cadeia de apps voltadas para organizações autônomas descentralizadas.

Os sistemas operacionais para DAO tornam possível iniciar uma DAO com habilidades técnicas limitadas. Você pode criar uma DAO agora mesmo utilizando essa ferramentas.

DAOs para oferecer subsídio a projetos

O primeiro caso de uso real para DAOs foram concessões de fundos para projetos.

As comunidades doam fundos e usam uma DAO para votar em como esse capital é alocado a vários contribuintes na forma de propostas de governança.

As DAOs foram originalmente conduzidas por meio de ações intransferíveis, o que significa que a participação foi em grande parte motivada pelo capital social em detrimento do retorno financeiro.

As DAOs que oferecem subsídios mostram que as comunidades de nichos específicos dentro da internet são mais ágeis na alocação de capital do que os órgãos formais de captação de recurso.

DAOs que oferecem Protocolos

As DAOs de protocolo oferecem o uma nova maneira de projetos emitirem tokens fungíveis no mercado.

Esses tokens são comumente usados para governar protocolos, o que significa que os detentores de tokens têm autoridade exclusiva para propor, votar e implementar alterações na mecânica subjacente da organização.

Os projetos geralmente votam em como distribuir tokens, abrindo assim as portas para mineração de liquidez, agricultura de rendimento, lançamentos justos e tudo mais.

Essas DAOs fornecem uma estrutura para qualquer rede emitir um token que é operado por sua comunidade.

DAOs de Investimento

Com DAOs de protocolo trazendo novos tokens para o mundo, parecia lógico que as pessoas iriam se unir para investir neles.

Após um longo período de DAOs sem fins lucrativos, os clubes de investimento acionaram o interruptor para que os membros se concentrassem em gerar retorno.

Embora esses DAOs venham com muito mais restrições legais do que um Grants DAO, eles mostraram que qualquer grupo de indivíduos pode se unir para investir grandes quantidades de capital com baixas barreiras à entrada.

Os DAOs de investimento permitem que os membros reúnam capital e invistam em projetos em seus estágios iniciais.

DAOs de serviço

As DAOs de serviço criam grupos de trabalho descentralizados para que os indivíduos trabalhem para a internet aberta – atuando essencialmente como agências de talentos cripto-nativas.

Do jurídico ao criativo, da governança ao marketing, do desenvolvimento ao gerenciamento de tesouraria, as DAOs de serviço criam funis para contratar os “mercenários da web3”. O trabalho geralmente é recompensado com tokens ERC20 – fornecendo propriedade sobre o valor criado para uma rede. Basicamente funciona como uma agência de empregos online onde você é pago nas moedas dessas organizações.

As DAOs de serviço exploram iniciativas sobre o futuro do trabalho e possibilidade de emprego no mundo nativo das cryptos.

DAOs Sociais

Em uma indústria dominada pela especulação, as DAOs sociais se concentram no capital social em detrimento do capital financeiro. As DAOs sociais são a evolução natural dos bate-papos em grupo, onde os amigos se tornam colegas de trabalho.

Onde as redes sociais transformaram todo mundo em uma empresa de mídia, as DAOs sociais transformam cada bate-papo virtual em um negócio digital.

Elas desafiam o que significa fazer parte de uma comunidade e oferecem maneiras de se tornar parte de uma tribo nativa digital.

As DAOs sociais mostram que há mais nas criptomoedas do que ganhar dinheiro rápido e que a internet é o melhor lugar para conhecer pessoas com interesses semelhantes.

DAOs de Colecionadores

NFTs. Se você já ouviu falar deles você não pode ignorá-los.

Muita DAOs funcionam como uma comunidade de colecionadores que especulam sobre o valor desses ativos digitais.

DAOs de colecionadores procuram selecionar quais NFTs têm valor a longo prazo.

DAOs para redes sociais

Essas DAOs devolvem esse poder àqueles que consomem conteúdo nas redes sociais.

Eles detalham a maneira como escritores, streamers e leitores se envolvem com o conteúdo que lançam. Sejam programas de mineração de mídia para incentivar contribuições ou governança sobre quais tópicos estão na primeira página, essas DAOs transformam o consumo em uma via de mão dupla ao remunerar produtores e consumidores de conteúdo digital com tokens digitais.

As DAOs para redes sociais compartilham a agenda aberta de um canal para divulgar informações e notícias e remuneram produtores e consumidores.

DAOs que são reconhecidas como instituições legais

Sim, isso já existe.

Embora as DAOs sejam muito semelhantes às organizações regulares, apenas alguns lugares ao redor do mundo as reconhecem como entidades legais que se beneficiam das proteções geralmente concedidas a organizações tradicionais como LLCs. Um desses lugares é o estado americano de Wyoming, que aprovou uma legislação em abril que permite que DAOs se registrem como LLCs. Da mesma forma, o país europeu de Malta também reconhece DAOs como entidades legais válidas.

No entanto, embora haja algum interesse em reconhecer os DAOs como novas entidades legais, isso só está começando, portanto, a maioria das DAOs operam sob regras de parceria geral que podem sobrecarregar os membros da DAO com quaisquer dívidas ou responsabilidades enfrentadas pela organização. Para neutralizar esse problema, as pessoas iniciaram projetos como o OpenLaw, que promete um invólucro de responsabilidade em torno das DAOs que lhes permite operar com segurança. No entanto, a maioria das DAOs ainda operam sem qualquer tipo de proteção de responsabilidade tradicional para seus membros.

Quer saber mais sobre iniciativas neste sentido?

Dê uma olhada nos links abaixo, todos em inglês:

Korporatio

A Korporatio apresenta um tipo de organização totalmente novo chamada de Empresa Inteligente ou Smart Companies. Uma Empresa Inteligente é uma forma de organização que está incorporada no Blockchain com total legalidade e conformidade. Em comparação com os tipos de negócios tradicionais, uma empresa inteligente é um modelo híbrido de Limited Company (Ltd) ou International Business Company (IBC) e uma DAO, tornando o modelo o primeiro de seu tipo combinando conformidade e as vantagens da tecnologia blockchain, como velocidade, resistência técnica e transparência.

Etherize

A Etherize Entities LLC fornece serviços de formação e consultoria para organizações convencionais e descentralizadas. Etherize é um coletivo de Entidades que manifestam o potencial de tecnologias auto-soberanas em direção a uma linha do tempo tecnoutópica; onde as blockchains são usadas para a liberação planetária, em vez de aumentar ainda mais as desigualdades

Ricardian LLC (Delaware)

“Tokenized LLC toolkit using a Delaware Series LLC anchor and NFT minter.”

Otoco (Delaware or Wyoming)

E mais:

Ferramentas para DAOs

 

Conclusão

Este guia foi desenvolvido com o intuito de criar uma base de compreensão sobre os conceitos básicos do mundo das DAOs. Na prática, o conteúdo aqui exposto representa uma pequena fração deste universo emergente. Nos próximos artigos eu pretendo abordar as possíveis sinergias entre DAOs e Autogestão e trazer algumas perspectivas críticas sobre as formas de organização que tenho observado nas várias DAOs que participo de forma mais ou menos ativa. Este é um tema novo, excitante e cheio de desafios. Se você tiver interesse em saber mais como uma DAO pode ser útil para o seu negócio, comunidade ou projeto me chame para um cafézinho. :)

 

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Sobre o(a) autor(a): Ravi Resck

Ravi é um hacktivista social, atuando também como facilitador, designer organizacional e mapeador de sistemas sociais. Se dedica ao estudo de metodologias colaborativas e à complexidade dentro dos contextos organizacional, relacional e ambiental. Sua experiência se estende de empresas de todos os portes até cooperativas e associações do 3° setor, tanto no Brasil como em cenário global. Ademais, Ravi tem um histórico de envolvimento com Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs), no mapeamento de redes sociais em organizações de grande escala e na criação e manutenção de comunidades de prática dentro e fora de empresas.

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